terça-feira, 5 de março de 2013

O Sagrado do Dragão Verde (Extrato)



Yoga Tântrica da Caxemira, por Eric Baret

Capítulo 2

Como uma busca espiritual pode integrar o erotismo no seu corpo de conhecimento?
O erotismo é esotérico, senão ele é pornografia.
Os elementos eróticos concretizam uma intuição. Quando a sensibilidade corporal se liberta da avidez, da compulsão, ela se torna uma abertura extraordinária para o mundo e ainda mais: para a tranquilidade.
Através dos sentidos, podemos reencontrar o divino. O intelecto sempre provoca um afastamento.
Deste fato, as diferentes formas de yoga tem como objetivo finalmente atenuar a atividade mental, consequentemente a sensorialidade reencontra seu lugar. Através da musica, da poesia, do amor, emerge a essência das coisas; toda educação ou estudo nos afasta.
A vida é sensorial, não há nada a pensar na vida: somente sentir, saborear, tocar.

Jogando um pouco com as palavras, o desejo se transforma em uma via de acesso para o não desejo?
Sim. O fato de deixar totalmente viver o desejo leva a uma purificação do desejo. Quando você sente sensorialmente o desejo, você vai perceber que o que você deseja é o não desejo e não o objeto do desejo.
O homem ou a mulher que lhe deu total felicidade pode lhe ser totalmente indiferente seis meses depois, o mesmo com o carro ou a decoração que lhe satisfez.
Você pode tomar tal ou tal objeto, no entanto ele não contém aquilo que realmente se busca.
Chega um momento na vida onde nos perguntamos:  « onde se encontra verdadeiramente a satisfação ? »
Na forma de constatação, uma interrogação mental aparece e o desejo toma outro rumo, outro significado.
Enquanto o desejo sexual se assemelha a uma tensão que busca se liberar, ele fica no nível da pornografia. Mas quando o desejo se refina, transformando-se numa oferenda, o desejo sexual não é mais um desejo sexual, ele se transforma em uma celebração da alegria de ser. Nesse momento, o erotismo pode alçar voo, tudo que você vê na escultura da Índia encontra então seu verdadeiro sentido.
 O erotismo não é um meio, mas o resultado da sensibilidade.

Extrato do livro: Le Sacre du Dragon Vert, de Eric Baret. 
Tradução livre por Soledad Domec
http://www.bhairava.ws/livres/dragon.html (original em francês)

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